Ato pela demarcação de terras indígenas têm xondaros como atração na Paulista

Embalados por cânticos e danças típicas, além de pitadas no tradicional pitanguá, como é chamado o cachimbo em guarani, cerca de 700 pessoas caminharam pela demarcação das terras indígenas e assinatura do ministro da justiça José Eduardo Cardozo. O ato teve início às 17h no Vão Livre do Masp, na Avenida Paulista, com a abertura de uma grande faixa com os dizeres “Peme’ e Jevy ore yvy (devolva nossas terras) – Assina Cardozo, demarcação já!, sendo encerrado por volta das 21h30 na Praça Roosevelt, na região da República.

Segundo o líder do movimento indígena e um dos coordenadores da Campanha Resistência Guarani SP, Marcos Tupã, de 43 anos, a manifestação é para que as aldeias Krukutu e Barragem, em Parelheiros, no extremo Sul, e Tenondé Porã, no Jaraguá, extremo Oeste sejam reconhecidas e a nova demarcação de hectares seja assinada pelo ministro da justiça. O documento garante o novo perímetro das terras, que ajudará no plantio, na pesca e na preservação da cultura indígena. Sete ônibus, totalizando 300 índios saíram das aldeias. O ato também teve participação de integrantes do Movimento Passe Livre (MPL).

A cada esquina que atravessavam da Avenida Paulista, bloqueada no sentido Rua da Consolação às 18h10, os índios eram saudados com aplausos e acenos, como retribuição, cultuavam seus gritos de guerra e suas danças festivas, além de apresentarem cocares e outros adereços coloridos. Duas cenas com o arco e flecha ou gurupá, na língua nativa, chamaram a atenção de quem passava pelo local e dos fotógrafos. Na Avenida Paulista com a Rua Augusta, os xondaro, ou seja, os guerreiros da aldeia apontavam suas armas em direção ao horizonte, acompanhados por policiais militares da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam).

Na altura do número 1.240 da Rua da Consolação, a marcha se deparou com uma imagem que retrata o padre José de Anchieta catequizando duas crianças indígenas. Ao ver o retrato, os guerreiros das aldeias apontaram suas armas em direção, um disparo de flecha chegou a ser dado. Um adesivo colado por sobre a gravura há algum tempo, pode-se ler “genocídio gera genocídio”. Os participantes do ato ficaram por cerca de dez minutos parados diante à imagem, enquanto líderes do movimento discursavam.

O ato se dispersou quando os participantes chegaram à Praça Roosevelt. A Rua da Consolação foi totalmente desbloqueada às 20h45.