Família de adolescente acusa PM de agressão, racismo e omissão em escola da ZL

Familiares de uma adolescente acusam um policial militar de ter desferido um soco na boca e posterior uso de cassetete e força excessiva, além de racismo, dentro do uma unidade estudantil na região do Itaim Paulista, no extremo Leste da capital. A garota teve dois dentes quebrados, dois estão moles e ferimentos visíveis na boca. A agressão por parte do PM teria ocorrido na tarde da última terça-feira, 8.

Segundo a vítima, L. M. C. S., de 15 anos, no domingo, 6, meninas teriam ido até a casa da família e contado que outras garotas “queriam pegar sua irmã”. Por conta do medo, a irmã mais nova da jovem, R. M. C. S., de 13 anos, não teria ido à escola na segunda-feira, 7. L., que não estuda na mesma instituição, teria acompanhado a irmã na terça-feira, até a entrada da Escola Estadual Wilson Roberto Simonini, na Vila Curuçá, para “apenas conversar com as meninas e apaziguar a situação”. Mas o que teria ocorrido foi uma série de agressões e acusações de omissão.

A adolescente conta que, ao chegar à porta da escola, por volta das 13h30, três primas e duas tias da menina que havia feito a ameaça estavam no local. A briga teria acontecido por conta de “risadas” no páteo da escola. Com a situação, a diretora teria chamado à PM, que enviou uma viatura com dois PMs homens. Dentro da escola, uma das tias da menina de 14 anos, teria dito a frase: “se encostar na minha sobrinha, vou te matar. Não é uma ameaça é uma promessa”. Segundo a vítima, o PM interveio, dizendo que a mulher, supostamente maior de idade, poderia agredir a garota, pois ele “passaria um pano”. A vítima alega que, neste momento, teria se virado para ver o PM, quando recebeu um soco que acertou a boca. Sangrando, ela teria se levantado e virado de costas, recebendo um golpe com uma pedaço de madeira na nuca. A paulada teria sido desferida pela tia, enquanto o PM, teria dado um golpe com o cassetete em sua perna.

Ainda dentro da escola, a menina teria sido socorrida por algumas garotas que viram ela sangrando. A irmã, que já estava dentro unidade, foi impedida de socorre-lá. Nesta hora, a menina teria sido ofendida pelo mesmo PM. “Meu chinelo acabou ficando lá, quando voltei para pegar, o PM disse, vai embora neguinha favelada, macaca”.

A adolescente L. M. C. S, não teria recebido apoio da direção da escola e nem mesmo da PM, indo para casa sangrando e a pé. Os PMs, junto as supostas agressoras teriam ido até o 67° DP (Jardim Robru), e elaborado um boletim de ocorrência, de agressão e desacato, mas, contra a vítima, deixando a família da menina indignada. De acordo com o Boletim de Ocorrência número 929/2014, a menina teria agredido os policiais militares, sendo um com ferimentos no rosto, e desacato à autoridade. “Minha filha apanhou da PM, ninguém fez nada, e ainda passa como culpada, estou indignada”, diz a professora Luciana Brason, de 39 anos, mãe da menina.

A mãe da adolescente também se diz chateada com a direção da escola. “Na escola todos me conhecem, assim como minhas filhas. Deu tempo de chamar à família da menina, à PM, mas não me chamaram. Minha filha apanhou e fui a última a ser informada. O caso está sendo apurado por advogados ligados à Uneafro. Um ato de repúdio foi realizado na tarde do último sábado, 12, na Avenida Paulista. Cerca de 20 pessoas carregando faixas e bandeiras contra a PM e pela desmilitarização da polícia interromperam aos gritos de “fora PM” e “PM racista” um encontro organziado pela OAB, que contou com a presença do comando da Polícia Militar, no auditório da TV Gazeta. Seguranças do evento retiraram os manifestantes.