Homem que cursou faculdade e compôs Rock nos anos 70, cata lata para sobreviver

Sábado, 13 de julho, Dia Mundial do Rock, quantos cantores deste tipo de música foram ou são famosos até hoje, além disso, boa parte ainda fez fortuna e conseguiu patrimônios inalcançáveis por seus milhares de fãs. Há cerca de 20 dias atrás, este repórter está em um bar, na região da Saúde, zona Sul, quando um senhor, de forma delicada, pediu a lata de refrigerante que estava sobre a mesa. Conversa vai e vem, e o homem, muito culto, diz ter feito duas faculdades, ser compositor e fã de Rock. Na noite da última sexta-feira, 12, o repórter voltou ao mesmo bar, na intenção de encontrar aquele senhor, que disse através da recolha das latas tirar o seu sustento e de sua família. Foram várias horas de espera, mais precisamente das 19h20 até por volta da meia-noite, quando o homem apareceu, de forma rápida o abordei e disse que, gostaria de contar sua história. História esta, que segue abaixo.

Logo no início da conversa, Duarte Filho (como ele se identificou), de 60 anos, disse contente que, tinha arrumado um novo trabalho. “Acordo às 4h, e vou até o Metrô Tucuruvi [zona Norte], entregar o jornal Metrô News”. Com a conversa em andamento, pergunto sobre seus estudos, indagando se ele lembrava que já tinha falado sobre isso comigo. “Me lembro sim…meu primeiro curso foi Administração Financeira, na Unibero, que hoje é Anhanguera, cheguei a cursar Rádio e TV, na Cásper Líbero, mas não terminei o curso”. Duarte Filho ainda me conta que, nos anos 70 fez um semestre de Arquitetura, em Mogi das Cruzes, na região metropolitana. Com tantos cursos, uma boa comunicação, e uma aparência que não retrata nenhum tipo de descuido, Duarte Filho, como gosta de ser chamado, conta que, hoje, sua sobrevivência se baseia em recolher latas. “Em um dia bom, chego à encher de oito a dez sacos [ de lixos, na cor negra]”. “No verão é melhor, no inverno cai um pouco a quantidade na rua”. “Começo cedo e vou até essas horas… que horas são?” Naquela altura o frio predomina em uma madrugada gelada na capital, e repórter responde que são meia-noite e meia. “Ainda é cedo, vou andar mais pela [Avenida] Jabaquara”, mostrando que o saco que carrega tem cerca de 20 latas amassadas, bem menos da metade que a sacola comporta. DSCF0050“O desemprego me tornou assim, são diversas panelinhas, ninguém da chance sem conhecer a pessoa”. ” Vivo da exploração da indústria do alumínio”. Morador de Mirandópolis, bairro a poucos metros do bar, se solta quando é perguntado de seu amor, o rock. “Compunha classic rock, adorava as bandas pesadas dos anos 60 e 70, o rock progressivo, uma formação cultural grande, além de curtir um punk rock”. E finaliza, “era fã dos Beatles e dos Rolling Stones, mas na época da música extrema”. No clique do obturador, o fã de Rock deixa gravada em sua foto, a saudação mais famosa dos roqueiros.