No banco dos réus comandante da Rota no Carandiru admite despreparo na ação

O terceiro dia do julgamento de 25 policiais militares que pertenciam à Rota à época da invasão do segundo pavimento da Casa de Detenção Doutor Flamínio Fávero, que deixou 73 dos 111 presos mortos no Massacre do Carandiru, com projeteis atingindo partes vitais como cabeça e tórax, teve início com o depoimento do comandante da tropa em 2 de outubro de 1992. O hoje coronel inativo Valter Alves de Mendonça, que era capitão, responsável imediato pelos praças e sargentos na ocasião, admitiu ao corpo de jurados que a Rota não tinha preparo para adentrar à Casa de Detenção. “Minha tropa não tinha treinamento específico para entrar em presídios, mas elaboramos um plano de ação antes da invasão”. Mendonça ainda disse em depoimento que, seus homens tinham revólveres e não portavam armas não letais, ainda segundo o comandante, ele portava uma submetralhadora Beretta e um escudo balístico. O coronel afirmou que disparou sua submetralhadora e que chegou a ficar ferido em um embate corporal com detentos.

Em um depoimento de cerca de três horas, o coronel Valter Alves de Mendonça, alternou declarações contraditórias em relação ao depoimento prestado à CPI em que deputados e senadores haviam indagados militares à época do massacre. Sobre essa situação ele alegou que na época os parlamentares queriam “culpar o governo de São Paulo”. Sobre um corpo de um presidiário encontrado decapitado, o coronel foi questionado de não haver citado em outros depoimentos a cena. “Talvez não tenha achado relevante antes”, concluiu.