Ocupação da FLM tem regras para moradores e vista privilegiada do Anhangabaú

Após a série de ocupações e invasões promovidas pela Frente de Luta por Moradia, entre a madrugada do último sábado, 5, e zero hora de segunda-feira, 7, vinte locais entre terrenos e prédios, públicos e particulares, continuam com famílias sem-teto até às 22h desta terça-feira, 8.

Não há um número certo de quantas pessoas ou famílias participam do ato, que tem espaços ocupados na região central e nas zonas Sul, Leste e Norte da capital. Na tarde desta terça-feira, a reportagem do Infodiretas esteve em dois prédios ocupados no Centro. Localizado bem em frente a saída da Estação Anhangabaú – Linha 3 – Vermelha do Metrô, o prédio de sete andares, localizado na Rua Coronel Xavier de Toledo, 151, tem uma vista privilegiada da região central.

Quem chega próximo, já nota as bandeiras vermelhas hasteadas na janela com a sigla FLM, ou seja, as inicias de Frente de Luta por Moradia. Dentro do edifício, pode-se notar muito controle e regras de convivência que devem ser respeitadas por homens e mulheres. Segundo a coordenadora da ocupação Xavier de Toledo, Maria do Planalto, há 59 famílias habitando a propriedade particular, que já está em fase de desapropriação para se tornar uma área da Cohab. “Nossa luta começa 24 horas após a ocupação. Os moradores aqui vieram de áreas de risco, de desapropriações do Rodoanel e de quartos de pensão onde pagavam aluguel.

Para que se possa viver em harmonia, Maria do Planalto cita algumas regras estabelecidas pelo movimento. “O que é para um, é para todos. Se o cadastrado for pego com drogas, é expulso na hora. Caso esteja alcoolizado, o morador deve ficar fora da ocupação por 3 dias. Homem, não pode andar sem camisa, assim como mulher deve trajar roupas adequadas, nada de muito chamativo”. A cozinha é coletiva. Crianças comem primeiro, se sobrar, por último comem os líderes. Os filhos e netos dos ocupantes devem estar matriculados em escolas, além dos pais terem de procurar trabalho. “Não dá para para viver só de doação”, finaliza Maria.

Além de coordenar a Xavier de Toledo, Maria do Planalto coordena mais duas ocupações. Enquanto fala com a reportagem, seu rádio não para de tocar. As ligações são por conta de uma ocupação no extremo da Zona Leste. Localizada na Rua Bento Guelfi, 1.800, no Jardim Alto Alegre, no Iguatemi, ela conta que o terreno de um milhão de metros quadrados, mesmo tamanho da ocupação Vila Nova Palestina, do MTST, no Jardim Ângela, Zona Sul, está com mil famílias. “Temos uma fila de espera de mais 1.800 famílias que desejam se cadastrar e montar barracas no Alto Alegre. A reportagem chegou a ir até a entrada de um prédio ocupado na Rua Rego Freitas, 260, na República, mas não teve sua entrada autorizada.