24 de Maio: Conheça uma das escadaria mais bonitas do RS

O colorido de seus desníveis convida os transeuntes a uma desaceleração no ritmo frenético do dia-a-dia. Gatos, vizinhos curiosos e até aula de dança acontecem ali, na conexão da André da Rocha com a Duque de Caxias, em Porto Alegre.

Após intervenções públicas e privadas, os 170 degraus da escadaria 24 de maio são hoje um ponto turístico da cidade. “24 de maio” porém, nem sempre foi seu nome. “Beco da Fonte”, “Beco do Jacques”, “Rua Bento Gonçalves entre outros. Somente em 1936, o local que desde o século XVIII é renomeado, ganhou enfim o nome de “Rua Vinte e Quatro de Maio”, homenageando a Batalha de Tuyuty.

José Loureiro da Silva, então prefeito da capital em 1942, foi quem deu forma ao que conhecemos até hoje. Ainda assim, uma forma bem diferente da atual. Em 2000, a marquise foi derrubada e corrimões instalados. Pedras nas laterais foram adicionadas para manter os pedestres longes das janelas mais baixas das casas.

A história de Marlete

Eva Marlete Gonçalves Campos, moradora aposentada dos edifícios vizinhos, considera a escadaria uma personagem fundamental do seu lar de mais de 40 anos.

“A rua era uma escadaria cinza. A iluminação era muito precária. O lixo nem se fala, era um terrorismo. E como sou uma pessoa que acredito que sempre podemos fazer transformações em qualquer situação da vida, aqui não foi diferente. Naquele momento, conversei com várias pessoas, e a primeira ideia foi montar uma associação”, contou ao Correio do Povo (CP).

Um grupo de moradores fundou em 1997 a Associação dos Amigos da Vinte e Quatro de Maio e Adjacências (AMIVI), que conseguiu, dez anos depois, a primeira reforma no espaço.

Aos sábados, Marlete criou uma feira de trocas de produtos e abriu oportunidade para exposições fixadas. Até hoje, a aposentada espalha sobre mesas brancas livros de autores nacionais e internacionais para o interesse de quem passar.

“Eu pensei: eu não vou deixar de fazer algo que chame a atenção para este lado da rua. Olhei para uns livros que tinham aqui e tive a ideia de doar, expor, colocar em mesas. E, olha, foi uma beleza”, esclareceu feliz ao CP.

Passado e futuro

Ana Cristina Medeiros, ao instalar a companhia de dança flamenca na escadaria, afirmou estar “predestinada” a levar sua arte ao local. No di 24 de maio comemora-se Santa Sara Kali, padroeira dos ciganos, extremamente ligados ao flamenco.

Ana, apesar de nova no barro, cultiva amizade com vários vizinhos e entrosou-se com todos.

Pelas paredes

A artista gaúcha Clarissa Motta Nunes grafou em azulejos pela escadaria mensagens de moradores com quem conversou e mensagens de poetas renomados em mais de 3 mil pequenos quadrados.

Tudo começou em 2011, quando Clarissa foi selecionada em um projeto artístico, inaugurado com roda de samba e placa em sua homenagem.

O temor da violência, com assaltos no local, ainda é uma realidade, mesmo com uma melhora percebida após reforço na iluminação.