FGTS: Saque extraordinário não recebe apoio da Construção Civil

O fato de um saque extraordinário do FGTS poder ser oficializado nesta quinta-feira (17) pelo Governo Federal não agradou a todos os setores econômicos.

Enquanto no comércio o resgate de até R$1 mil do fundo é comemorado, a construção civil e o mercado imobiliário têm se mostrado insatisfeitos com a medida.

O FGTS é direito de todo trabalhador CLT e fica reservado pela Caixa Econômica Federal. O saldo só pode ser resgatado em datas pontuais ou no caso de quitar ou dar entrada em imóveis. 

Devido a recorrência nos saques extraordinários, preocupa o mercado de imóveis que haja um desfalque nas contas de milhares de brasileiros, dificultando um futuro investimento principalmente nos imóveis populares.

Possíveis consequências do saque extraordinário

De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), a oferta de residências voltadas para famílias de baixa renda caiu em 30%. Ao liberar mais um saque do FGTS, o governo estaria fazendo com que as construtoras reduzissem ainda mais sua atenção ao público que recebe até dois salários mínimos.

“À medida em que o governo desvia o FGTS da finalidade para qual foi criado, vai representar um menor número de imóveis sendo construídos, menos pessoas realizando o sonho da casa própria, além de menor oferta de emprego em momento de dificuldade”, critica o presidente do Sinduscon, Renato Michel.

Michel ainda complementa que o saque não deve gerar grandes impactos na economia, como é previsto pelo governo federal e pode ser observado em 2019 e 2020.  Ele teme que, com o incentivo ao saque extraordinário, o setor sofra com um esfriamento na geração de empregos.

Viés eleitoral

A medida pode ajudar os trabalhadores que possuem dívidas urgentes, mas, a longo prazo, pode comprometer o uso do fundo de garantia.

“Por mais que seja justificado, foge ao propósito do FGTS que é ter esse colchão de segurança”, diz o professor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas (Cedeplar) da UFMG, João Prates Romero.

O especialista defende que outras medidas econômicas poderiam ser mais eficazes para melhorar a economia brasileira, como uma revisão do teto de gastos públicos.

Porém, devido a proximidade das eleições, a medida visa um foco eleitoreiro. Já era uma proposta esperada, principalmente após as movimentações econômicas do governo, como o uso do orçamento secreto.