Bibliotecas têm livros sucateados nas escolas estaduais em todo o Rio Grande do Sul
Idealizada pela deputada estadual Sofia Cavedon (PT), foi inaugurada esta semana a exposição “Pelo direito ao livro e à leitura: Bibliotecas Escolares Abertas”, localizada no térreo da Assembléia Legislativa.
Com o objetivo de denunciar o sucateamento das bibliotecas das escolas públicas do Rio Grande do Sul, a exposição mostra fotos dos ambientes desativados ou transformados em depósitos em diversas instituições do estado.
Segundo a deputada estadual, dentre mais de duas mil instituições públicas, apenas seis escolas contam com uma biblioteca em funcionamento, e é um problema que precede a pandemia do Covid-19.
“Desde 2019 estamos denunciando. Se não tem profissionais, que se faça concurso para técnico bibliotecário ou se crie o cargo de técnico em biblioteconomia”, argumenta.
Governo do RS desmente
A Secretaria da Educação (Seduc), em nota, disse: “todas as escolas estaduais contam com um espaço específico para leitura e acesso ao acervo das obras literárias previstas no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD)”.
Ainda no texto, comentou sobre o ensino híbrido adotado em 2020 devido à pandemia. De acordo com a Seduc, o governo disponibilizou materiais literários na plataforma Google Classroom.
Para Sofia Cavedon, a estratégia não funcionou, visto que, muitos dos estudantes não possuem nem mesmo equipamento para acessar o material literário de forma digital. O impacto é direto no desenvolvimento escolar desses alunos.
As plataformas virtuais de leitura são um assunto complexo, pois, além de muitos alunos não poderem ter acesso a internet ou equipamentos, cerca de 200 escolas possuem problemas de conectividade. Ou seja, nem no ambiente escolar é possível acessá-las.
Além disso, as plataformas virtuais não são capazes de substituir o contato físico das crianças com o livro, por isso, as bibliotecas precisam ser preservadas e estarem abertas.
Problema antecede a pandemia do Covid-19
Segundo Helenir Aguiar Schurer, presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul Sindicato (Cpers), muitas bibliotecas estão desativadas desde o governo de José Ivo Sartori (MDB), que teve vigência entre 2015 e 2019.
Um dos projetos do sindicato durante os anos de 2021 e 2022 foi uma “Caravana da Verdade”, que visitou diversas escolas e constatou que grande parte das bibliotecas estavam fechadas ou se tornaram depósitos de mesas e cadeiras com defeitos.
Para Helenir, a justificativa da Secretaria de Educação revela que ela não conhece os problemas do estado. A presidente, também professora de língua portuguesa, defende o acesso aos livros físicos.
“Não consigo imaginar escola sem biblioteca. Livro on-line é ok, mas nada substitui o livro mesmo. E nem todos os alunos têm internet, as escolas mesmo têm internet deficitária. Isso é tentar mascarar a realidade. Tem biblioteca, tem livro, mas não tem vontade política de resolver o problema”.