Porto Alegre investe em saneamento básico, mas, não atinge o mínimo de tratamento de esgoto

A inauguração das obras do Projeto Integrado Socioambiental (Pisa) foram entregues no fim de 2014, e marcaram a história de Porto Alegre como sendo a maior obra de saneamento da cidade.

Nos dois primeiros anos de funcionamento, as obras do projeto elevaram rapidamente os números de esgoto tratado de 18,1 milhões (2013) para 66,3 milhões (2015).

O crescimento que era esperado para os próximos anos e o alcance de toda a capacidade da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Serraria, porém, não aconteceu.

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) registrou queda no tratamento do esgoto nos anos de 2016, 2017 e 2018. Em 2019 e 2020 houve certa recuperação, mas os patamares alcançados em 2015 não foram retomados.

Queda no tratamento do esgoto ao longo dos anos

Em 2015, ano em que a ETE Serraria passou de fato a funcionar, o número de esgoto tratado triplicou rapidamente para 66,3 milhões de metros cúbicos. Porém, em 2016, os números começaram a cair, e o registrado foi de 63,6 milhões de metros cúbicos tratados.

Em 2018 houve a queda mais brusca, quando apenas 57 milhões de metros cúbicos de esgoto foram destinados corretamente. São quase 10 milhões a menos em comparação com 2015. Em 2020, houve uma certa recuperação, com 61,2 milhões de metros cúbicos tratados. 

Os números constam nos dados oficiais do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (Snis) e do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).

Motivos

São pelo menos cinco razões, de acordo com a gestão da Dmae, para o esgoto tratado em Porto Alegre nunca ter atingido os números de 2015. São elas: 

  1. A capacidade da ETE Serraria não está sendo usada em sua plenitude. O sistema está incompleto, e são necessárias obras para que mais esgoto chegue no local, como em imóveis irregulares;
  2. Falta de manutenção e pessoal no Dmae;
  3. Mudança de indicador. Em 2017, o departamento deixou de quantificar a água da chuva nos volumes de material coletado e tratado nas ETEs;
  4. Falta de energia;
  5. Aumento populacional na Zona Sul e imóveis sem redes de ligação com as ETEs.

Consequências para Porto Alegre

Devido a estagnação do serviço de esgoto, dejetos brutos acabam sendo despejados no Guaíba, cartão postal da cidade. Em alguns trechos, olhando do alto, é possível perceber manchas escuras na água, provenientes do esgoto bruto escoando. 

Muitas ligações antigas e irregulares de esgoto do Centro Histórico acabam caindo diretamente no encanamento indevido. O combate a esta poluição deve ser feito a partir de obras que regularizem as ligações do esgoto na região.