Aviação: avião exposto em Porto Alegre carrega histórias do início da era dos voos no Brasil
Uma histórica aeronave marca presença na entrada de Porto Alegre. O avião DC-3 de registro PP-ANU que se encontra no Boulevard Laçador é um patrimônio cultural da aviação.
O avião de 1935 foi um dos primeiros a chegar ao Brasil, segundo a professora Claudia Musa Fay, que ministra História da Aviação do curso de Ciências Aeronáuticas da Escola Politécnica da PUCRS, Claudia Musa Fay. Ainda de acordo com ela, a aeronave também foi a que mais voou em rotas internas e regionais no país.
Os modelos DC-3 eram utilizados pela empresa Varig, a primeira companhia aérea do Brasil, ao longo da metade do último século. O DC-3 realiza, por diversas vezes, a rota Porto Alegre x São Paulo x Rio de Janeiro, além de voos para Buenos Aires e Montevidéu. Cada viagem levava até 32 passageiros, que se deslocavam em uma velocidade de 270 km/h. Em 1960 a Varig chegou ao número de 49 aeronaves do modelo.
As aeronaves deste tipo são consideradas essenciais para o desenvolvimento da aviação comercial na primeira metade do século XX. Para o escritor Mário Albuquerque, autor de Berta: Os Anos Dourados da Varig, o DC-3 é como o “Fusca dos ares” por sua versatilidade.
O avião era capaz de decolar e pousar em situações fora do convencional, como por exemplo utilizando pistas de terra batida.
Além de sua utilização no meio civil, o DC-3 foi também aproveitado em campanhas militares. Na 2ª Guerra o modelo foi utilizado no transporte de tropas formadas por paraquedistas e sua versão militar é chamada de C-47, cuja principal diferença é o posicionamento dos bancos.
A aeronave exposta em Porto Alegre é fruto do empenho de muitos envolvidos em um processo de restauração que foi necessário após anos de abandono. Com o encerramento da Varig e do Museu da Varig no ano de 2006, o DC-3 acabou sendo deixado de lado, tendo permanecido sujo e mofado. Conforme a professora, muitas pessoas participaram voluntariamente da reforma do famoso avião feita em 2017, incluindo ex-funcionários aposentados da Varig.
A restauração rendeu custos e contou com o auxílio da Rede Boulevard, onde o modelo se encontra exposto atualmente.