Cemitério gaúcho é alvo de diversos crimes
O cemitério municipal de Belém Velho, na zona sul de Porto Alegre, tem sido vítima de furtos e vandalismo, causando transtornos e desrespeito aos mortos e seus familiares. Os roubos de letras de metal e objetos de valor, como cruzes e bustos, dificultam a identificação das sepulturas, tornando a busca por entes queridos ainda mais difícil. Além disso, a destruição de sepulturas e a retirada ilegal de ossos também têm sido relatados, o que agrava ainda mais a situação.
Com muitas sepulturas com mais de cem anos, muitas já não aceitam mais visitas, e quando violadas, acabam ficando sem apoio familiar. Moradores da região relataram a descoberta de um túmulo vandalizado com mais de um esqueleto exposto, o qual foi parcialmente coberto com detritos do pavimento de concreto quebrado por operários que trabalhavam no local. Infelizmente, o conselho estadual tem demorado a providenciar os reparos necessários.
Insegurança no cemitério de Porto Alegre: roubos e infraestrutura precária
O Simpa, Sindicato dos Municipários Porto Alegre, recentemente se pronunciou sobre a crescente insegurança dos servidores que trabalham no cemitério municipal, que também afeta o pequeno prédio de dois andares que deveria ser a parte administrativa do cemitério.
Uma moradora da rua ao lado do cemitério, Bernadete Dufech, teve as cartas e as foto de um dos sogros roubada do túmulo do casal, e relata que os ladrões pegam tudo o que possa render dinheiro.
Para evitar novos ataques, os próprios moradores improvisaram cercas de arame farpado em partes do cemitério, mas a parede próxima à rua Dr. Vergara é baixa e a topografia acidentada dificulta a solução do problema sem investimentos do poder público.
Causas apontadas para os problemas no cemitério
Moradores próximos ao cemitério municipal do Belém Velho, em Porto Alegre, afirmam que os constantes rituais de religiões de matriz africana realizados no local são os causadores dos problemas, devido às oferendas deixadas nas sepulturas, principalmente de animais sacrificados.
Mas de acordo com Pai Ricardo de Oxum Yecari, voz influente do Batuque no Rio Grande do Sul, os crimes que vêm acontecendo não fazem parte dos rituais da religião africana. Ele explica que a prática dos sacrifícios em encruzilhadas, cruzeiros e cemitérios são integrante das religiões africanas presentes no estado, mas que não se deve incluir destruição de locais, arrombamento de sepulturas ou roubo de ossos nos rituais.
Além disso, a comunidade também afirma que a iluminação é precária à noite, dificultando a segurança do local. O administrador do cemitério reconhece os problemas causados pelos constantes furtos e afirma que há estudos para reforma do espaço, mas que as diversas regras e o aspecto histórico do local dificultam o processo.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), afirmou que as manutenções periódicas necessárias não têm sido realizadas com a frequência desejável pelos responsáveis dos jazigos, o que pode ocasionar aspecto de abandono, e que a segurança compete à Guarda Municipal. A secretaria informou ainda que os termos de referência para contratação de empresa terceirizada para limpeza, manutenção, conservação das áreas comuns, portaria, sepultamento e segurança estão em fase de elaboração, mas não deu prazo para que essas equipes assumam o local.
Fonte: Diário Gaúcho
Imagem: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS