Rio, lago ou estuário: Como é classificado o Guaíba?

Historicamente, a natureza do Guaíba tem sido alvo de debates intensos. Afinal, este corpo d’água situado em Porto Alegre é um rio ou um lago? O debate não é apenas acadêmico, pois possui implicações diretas no urbanismo e na legislação ambiental da região.

O que dizem os especialistas sobre o Guaíba?

Do ponto de vista geográfico, a classificação do Guaíba varia. Luciano Zasso, coordenador do curso de Geografia na PUCRS, afirma que existem correntes de pensamento divergentes. Enquanto alguns o consideram um rio devido às suas características fluidas, outros defendem que se trata de um lago devido ao seu comportamento estagnado em grande parte do seu percurso.

Segundo Zasso, o principal ponto de discórdia é o impacto da classificação nas normas de construção na orla de Porto Alegre. Como lago, as construções precisariam respeitar um limite menor, mas sendo classificado como rio, este limite é significativamente maior, afetando diretamente a especulação imobiliária e o desenvolvimento urbano.

Por que o Guaíba pode ser considerado um lago?

Rualdo Menegat, professor da UFRGS, apresenta uma série de características que enquadram o Guaíba como lago. Entre elas, a presença de matas de restinga e ostracodes, crustáceos que preferem águas estagnadas, além das características físicas das margens que são típicas de lagos, e não de rios.

  • Matas de restinga: Vegetação típica de áreas estagnadas, não comuns em rios.
  • Ostracodes: Crustáceos que necessitam de águas calmas para sobreviver.
  • Formato das margens: Lagos possuem margens com pontas e enseadas, enquanto rios apresentam margens paralelas e erosivas.

Qual é a posição oficial sobre o Guaíba?

O governo do estado do Rio Grande do Sul e a Prefeitura de Porto Alegre adotam oficialmente a nomenclatura “lago” para o Guaíba. Esta decisão é respaldada por estudos geográficos e biológicos que apontam para a predominância de características lacustres.

A definição do Guaíba como lago ou rio vai além de uma simples classificação técnica. Ela afeta diretamente as políticas de preservação ambiental, os regulamentos de construção e a própria identidade cultural de Porto Alegre. O debate continua aberto, refletindo a complexidade e a riqueza deste emblemático corpo d’água gaúcho.