Cidades do Rio Grande do Sul podem ter que mudar de lugar, diz especialista
No início de maio, o estado do Rio Grande do Sul foi severamente afetado por enchentes devastadoras que impactaram mais de 1,9 milhão de pessoas. A tragédia não só desalojou milhares, mas também causou a morte de 116 pessoas até o momento, com outras 143 ainda desaparecidas e 756 feridos, evidenciando a gravidade da situação e a necessidade urgente de ações preventivas e de recuperação.
Especialista diz que cidades inteiras podem precisar mudar de lugar
O ecólogo Marcelo Dutra da Silva, destacado especialista da Universidade Federal do Rio Grande, já havia alertado em 2022 sobre o despreparo das cidades em relação às mudanças climáticas. Segundo Dutra, a recorrência desse tipo de evento climático extremo requer uma revisão fundamental nos planos diretores urbanos. Essa revisão passaria por relocar infraestruturas críticas e comunidades inteiras para áreas menos vulneráveis, uma medida drástica porém necessária para a resiliência a longo prazo.
Uma das principais medidas é “devolver à natureza” áreas que são naturalmente propensas a alagamentos, como zonas úmidas e áreas próximas a rios, que funcionam como esponjas em períodos de chuva intensa. Adaptar esses espaços para que cumpram sua função natural sem interferência urbana pode ser um passo crucial para mitigar os impactos de futuras enchentes.
A necessidade de revisar os planos diretores e adaptar as estratégias de desenvolvimento urbano são imperativas claras que emergem desta crise. Adicionalmente, a colaboração entre os níveis governamentais e a incorporação de conhecimentos científicos e técnicos na formulação de políticas públicas são essenciais para que possamos evitar ou ao menos minimizar os efeitos de desastres naturais similares no futuro.
A reconstrução das áreas afetadas oferece uma oportunidade única para repensar e remodelar as áreas urbanas com foco na sustentabilidade e na resiliência. Iniciativas comunitárias e a colaboração entre moradores, governos e especialistas podem acelerar o processo de recuperação e garantir que as soluções adotadas sejam eficazes e duradouras.