Mudanças climáticas agravaram enchentes no Rio Grande do Sul
A recente tragédia no Rio Grande do Sul, que resultou em inundações devastadoras, nos faz enfrentar novamente a realidade das mudanças climáticas. A análise feita pela World Weather Attribution revelou que os efeitos do aquecimento global, combinados com fenômenos naturais como o El Niño, tornaram o desastre muito mais intenso.
Entre os dias 24 de abril e 4 de maio de 2024, o estado do Rio Grande do Sul registrou precipitações que superaram os 420 milímetros, afetando mais de 90% do seu território, uma extensão comparável ao tamanho do Reino Unido. Esse volume excepcional de chuva trouxe consigo consequências trágicas para a população local.
Como as mudanças climáticas influenciaram as enchentes?
Segundo o estudo da World Weather Attribution, a probabilidade de ocorrência de chuvas tão intensas dobrou devido ao aumento da temperatura global. Além disso, as mudanças climáticas elevaram a intensidade das chuvas entre 6% e 9%, potencializando ainda mais o impacto do fenômeno El Niño, que já é conhecido por causar períodos de chuvas mais intensas na região.
Além dos fatores climáticos, falhas significativas na infraestrutura contribuíram para a severidade das enchentes. Em Porto Alegre, por exemplo, o sistema de diques e comportas falhou ao atingir o nível do Lago Guaíba em 4,5 metros, um nível inferior ao máximo de 6 metros para o qual foi projetado. Essa falha no sistema de proteção resultou na inundação de áreas que poderiam ter sido mais bem protegidas.
Quais são as possíveis soluções para mitigar futuras tragédias?
A pesquisa enfatiza a necessidade de melhor preparo e adequação da infraestrutura para lidar com eventos extremos. Além disso, a recuperação e preservação da vegetação nativa nas margens dos rios são essenciais para prevenir erosões e aumentar a capacidade de absorção de água do solo, evitando assim, a intensificação dos desastres naturais.
O estudo sugere que, se a temperatura média do planeta subir para 2ºC acima dos níveis pré-industriais, eventos extremos como esses se tornarão duas vezes mais frequentes. Assim, é crucial que haja um esforço global para a redução das emissões de gases de efeito estufa, a fim de evitar um aquecimento global ainda maior.