Pesquisa revelou regiões do Paraná mais perigosas para mulheres

Entre janeiro de 2020 e junho de 2024, mais de 940 mil boletins de ocorrência relacionados à violência contra a mulher foram registrados no Paraná. Em média, a cada dois minutos e meio, uma mulher sofre violência no estado. Curitiba lidera o número de registros absolutos, totalizando mais de 155 mil casos.

Este dado chama a atenção pela gravidade da situação, mas o cenário é ainda mais crítico quando analisamos a taxa de ocorrências por mil mulheres. Algumas cidades do litoral paranaense apresentam os índices mais altos, destacando a urgência de medidas efetivas.

Curitiba registra altos números absolutos de violência contra a mulher

Curitiba registrou 155.123 ocorrências de violência contra a mulher no período estudado, o que representa 16,4% do total no Paraná. Outras cidades também mostram números alarmantes: Londrina, Ponta Grossa, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu seguem com alta incidência.

A análise por taxa de ocorrência, no entanto, apresenta um panorama diferente. Apesar de liderar em números absolutos, Curitiba não está entre as cidades com maior taxa de violência contra a mulher.

Cidades com maiores taxas de violência contra a mulher no Paraná

Quando se considera a taxa de ocorrências por mil mulheres, os municípios do litoral paranaense saem na frente. Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba revelam as maiores taxas, o que destaca a necessidade de intervenção mais robusta nessas zonas.

  1. Pontal do Paraná: 5.449 casos, taxa de 353,4 por mil mulheres
  2. Matinhos: 7.018 casos, taxa de 348,1 por mil mulheres
  3. Guaratuba: 6.415 casos, taxa de 300,9 por mil mulheres

Além dessas cidades, Conselheiro Mairinck e Clevelândia também apresentam altas taxas de violência contra a mulher.

Como as regionais do Paraná enfrentam a violência contra a mulher?

A análise também revela insights importantes quando consideramos as regionais de saúde do Paraná. Paranaguá, no litoral, lidera, seguido por Paranavaí e Pato Branco, ambas no interior do estado.

  1. Paranaguá: 37.922 casos, taxa de 248,2 por mil mulheres
  2. Paranavaí: 27.758 casos, taxa de 194,2 por mil mulheres
  3. Pato Branco: 27.071 casos, taxa de 194,0 por mil mulheres

Outras regionais, como Foz do Iguaçu e União da Vitória, também enfrentam desafios significativos, demandando ações específicas de combate e prevenção.

Impacto da Lei Maria da Penha

Desde a promulgação da Lei Maria da Penha, em 2006, o Brasil avançou na criação de mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. A biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que dá nome à lei, tornou-se um símbolo da luta contra esses crimes após sobreviver a duas tentativas de homicídio pelo marido em 1983.

A legislação modificou o tratamento dado a esses crimes pelo sistema judicial, que antes eram considerados de menor potencial ofensivo. Agora, há um maior rigor na punição dos agressores, mas ainda enfrentamos a cultura da impunidade e a necessidade de políticas públicas mais efetivas.