Lojas Americanas deve ter mais unidades fechadas nos próximos meses
A Lojas Americanas, tradicional rede varejista, está passando por grandes transformações. Em recuperação judicial desde janeiro de 2023, após uma fraude contábil de R$ 25,3 bilhões ser descoberta, a empresa tem trabalhado arduamente para ajustar seu modelo de negócios e recuperar a confiança dos consumidores.
No último trimestre de 2023 e nos primeiros seis meses de 2024, a companhia registrou um prejuízo de R$ 2,3 bilhões, uma redução significativa em comparação aos R$ 12,2 bilhões em perdas no ano anterior. Essa melhora se deve a uma série de estratégias implementadas, incluindo um foco maior nas vendas físicas e uma gestão mais próxima de fornecedores.
Como a Lojas Americanas está superando a crise?
Entre as ações que ajudaram a Lojas Americanas a conter a crise, Leonardo Coelho, presidente da companhia, destaca a melhora no mix e na distribuição de produtos nas lojas físicas. Segundo Coelho, garantir que os produtos certos estejam nas prateleiras no momento certo foi crucial para reduzir a falta de produtos e melhorar a experiência do consumidor.
Esta estratégia resultou em um aumento significativo das vendas nas lojas físicas, que hoje representam 71% das vendas brutas da companhia. Em 2022, esse percentual era de apenas 34%, demonstrando uma mudança drástica no foco da empresa, que antes era majoritariamente online.
Impacto dos problemas de credibilidade nas vendas online?
A “crise de credibilidade” que afetou tanto os consumidores quanto os “sellers” do marketplace da Americanas foi um dos principais fatores para a queda acentuada nas vendas digitais. Em 2022, as vendas no canal digital caíram mais de 75%, refletindo a desconfiança em relação às operações da empresa. Segundo Coelho, a decisão de descontinuar a operação “1P”, que envolvia a compra de produtos para revenda no site, foi uma medida necessária para reduzir custos e focar em operações mais rentáveis.
Camille Faria, diretora financeira e de relações com investidores, afirmou que a recuperação judicial da Lojas Americanas não deve terminar antes do início de 2026. Durante este período, a empresa permanecerá sob supervisão judicial, o que requer a execução rigorosa do plano de recuperação e a realização de processos de venda organizados para unidades como HNT (Hortifruti Natural da Terra) e Unico.
Apesar dos avanços, a rede de lojas físicas da companhia ainda vai passar por ajustes significativos. Até o final do primeiro semestre de 2024, a Lojas Americanas tinha 1.622 lojas em operação, uma diminuição de 10% em relação às 1.803 lojas antes da recuperação judicial. Leonardo Coelho mencionou que novas lojas poderão ser abertas, mas o saldo entre aberturas e fechamentos ainda será negativo pelos próximos 12 a 15 meses.