Ativistas e eleitores de Porto Alegre lamentam a demolição da casa de Caio Fernando Abreu

A antiga casa do autor Caio Fernando Abreu foi colocada abaixo nesta segunda (18). O fato aconteceu horas após uma ação popular contra a demolição ser protocolada na justiça.

Ativistas do setor cultural e defesa do patrimônio de Porto Alegre mobilizaram um ato contra a derrubada, porém, o encontro marcado para ontem (19) aconteceu quando já era tarde demais.

Diante dos escombros, leitores, amigos e lideranças políticas lamentaram que a demolição tenha ocorrido antes mesmo que a mobilização dos últimos dias pudesse ter efeito.

Durante o encontro, leitores cuidaram de espalhar em frente à casa demolida livros do autor e velas, além de girassóis em referência aos textos em que ele citava as flores do local.

Casa de Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu retorna à Porto Alegre em 1994, quando se muda para a casa n° 12 da Oscar Bittencourt, no bairro Menino Deus. 

O imóvel abrigou Caio nos seus últimos anos de vida, após o autor ter recebido o diagnóstico positivo para HIV. Nesse período, ele publicou o livro “Ovelhas Negras” (1995) e textos que viriam a ser publicados postumamente, que citavam a sua rotina na casa.

Salve a Casa do Caio Fernando Abreu

Em 2010, uma mobilização que recebeu o nome de “Salve a Casa do Caio Fernando Abreu” tentou evitar o leilão do imóvel e tombá-lo como patrimônio histórico, mas sem sucesso.

Segundo Liana Farias, presidente da Associação Amigos de Caio Fernando Abreu (AACF), “o mercado imobiliário é muito mais ágil e mais forte que o mercado cultural, infelizmente”. A casa foi leiloada antes que as entidades responsáveis pudessem desenhar um projeto.

Ainda de acordo com Liana, a decisão é um descuido e desrespeito com a memória de Caio e da cultura brasileira. A casa era um pedaço de história e poderia ser fonte de reconhecimento de um dos autores mais importantes da geração.

Hoje, o imóvel pertence a um casal de dentistas da região, que também é dono da casa ao lado, de n°10, também prestes a ser demolida. Ainda não se sabe o que será feito nos terrenos.