Brasil atinge maior número de pedidos de recuperação judicial em uma década

No passado, empresas como Americanas, Polishop, 123Milhas e o grupo Coteminas se destacaram no mercado pelo sucesso de seus produtos e serviços. Porém, recentemente, essas empresas vêm ganhando notoriedade por estarem em processo de recuperação judicial. Elas fazem parte de um grupo crescente de negócios brasileiros enfrentando dificuldades financeiras. Segundo a Serasa Experian, o Brasil registrou 1.014 pedidos de recuperação judicial entre janeiro e junho de 2024, um aumento de 71% em relação ao mesmo período de 2023.

Diferente da falência, onde a empresa encerra suas atividades, a recuperação judicial é uma tentativa de negociar as dívidas e manter a operação. De acordo com especialistas, a perda de rentabilidade devido a estratégias comerciais equivocadas ou obsolescência de produtos é um dos principais fatores que levam a esse cenário. Outras razões incluem a gestão inadequada e problemas éticos, como fraudes.

Razões por trás da onda de pedidos de Recuperação Judicial em 2024

Alguns gestores cometem erros técnicos, tomam decisões ruins, e em alguns casos, há problemas éticos e de fraude, como aconteceu com a Americanas. Além disso, muitas empresas só recorrem à recuperação judicial quando a situação já está crítica, complicando ainda mais a recuperação.

Um exemplo é a Americanas, que, em julho de 2024, terminou de pagar os credores que optaram pela Opção de Reestruturação II da sua recuperação judicial. A empresa está nesse processo desde janeiro de 2023, depois de uma fraude contábil que revelou mais de R$ 40 bilhões em dívidas.

Do lado de fora das empresas, a alta taxa de empregos informais e a perda do poder de consumo também influenciam negativamente. Muitos trabalhadores no Brasil sobrevivem de “bicos”, sem carteira assinada, e com poder de compra reduzido, afetando as vendas e o cenário geral das empresas.

  • Alta taxa de empregos informais
  • Perda de poder de consumo
  • Inflação
  • Aumento da inadimplência

No entanto, apesar do alto número de devedores, a inadimplência registrou queda em junho pelo segundo mês consecutivo, segundo a Serasa Experian. A desaceleração foi de -1,25% nos últimos 60 dias, reduzindo o número de consumidores inadimplentes para 72,50 milhões, comparado aos 72,54 milhões em maio.

Micro e pequenas empresas são as mais afetadas

Apesar dos nomes de grandes empresas chamarem a atenção, o levantamento da Serasa Experian revela que as micro e pequenas empresas são as mais afetadas. No primeiro semestre de 2024, 713 micro e pequenas empresas pediram recuperação judicial, comparado a 207 médias e 97 grandes empresas.

O setor de serviços foi o mais afetado, registrando 422 pedidos no primeiro semestre de 2024. Em seguida, vem o comércio com 277 pedidos e a indústria com 161. O setor de serviços concentra muitos Microempreendedores Individuais (MEIs), que geralmente possuem menos estrutura, e enfrentam um mercado brasileiro que não paga muito por esses serviços.