Droga que causa mortes nos EUA preocupa autoridades no RS
Agentes do Departamento Especializado em Narcóticos (Denarc) do Espírito Santo encontraram 31 frascos de fentanil em uma casa abandonada em Cariacica, na Grande Vitória, em fevereiro deste ano. O fentanil é um anestésico de uso restrito em hospitais, mas é uma das principais causas de mortes por overdose nos Estados Unidos e tem causado preocupação no Brasil, onde foi recentemente encontrado em meio a contrabando no Rio Grande do Sul.
De acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo, a casa onde foram encontrados os frascos era um laboratório secreto utilizado pelo grupo criminoso que atuava na Grande Vitória, cercado por mata. No mesmo local, foram apreendidos 130 quilos de maconha e 2.500 pinos de cocaína, levantando a suspeita de que o fentanil possa ter sido misturado com as drogas.
“Os estudos dizem que ela é cem vezes mais forte que a morfina. Uma droga altamente viciante, que hoje é a que mais causa mortes nos Estados Unidos. É utilizada injetável, pura ou em comprimido. É um opioide, com efeito depressor do sistema nervoso central, que dá uma rápida euforia, logo seguida de relaxamento, com grande poder viciante. O que é o crack para o Brasil é o fentanil para os Estados Unidos”, disse o chefe do Denarc do Espírito Santo, Tarcísio Otoni.
Apreensões de Fentanil no Brasil e nos Estados Unidos
No início de 2022, as autoridades americanas apreenderam 4,5 mil toneladas de fentanil em pó e 50,6 milhões de comprimidos. Embora a droga ainda não tenha se espalhado amplamente pelo Brasil, já houve prisões anteriores relacionadas ao fentanil. Em 2019, a Polícia Federal lançou a Operação Ampulla para prender uma quadrilha que revendia a droga para os Estados Unidos. Na época, foram apreendidos 2.600 frascos em Balneário Camboriú, Santa Catarina, que foram transportados de Florianópolis para Miami. A substância teria sido desviada da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Em São Paulo, o Denarc apreendeu 1.229 frascos de fentanil entre 2020 e 2022. Já no Espírito Santo, a polícia está investigando a origem e a distribuição da droga encontrada em uma casa em Cariacica, que também servia como laboratório de drogas. A presença do fentanil no tráfico humano é particularmente preocupante. No Rio Grande do Sul, não há registros recentes de apreensão dessa substância.
Anvisa toma medidas preventivas contra o fentanil
A fim de evitar a epidemia de drogas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) incluiu as substâncias utilizadas na fabricação do fentanila (nome científico do sedativo) na lista de “substâncias entorpecentes e precursores psicotrópicos”. Com essa medida preventiva, é permitido o confisco de remessas desses produtos, o que reduz a possibilidade de contrabandistas fabricarem as drogas em laboratórios ilegais.
“Hoje, cada vez mais, os traficantes estão investindo nas drogas sintéticas, pela facilidade de conseguir as substâncias usadas para a produção em laboratório. No caso da cocaína, por exemplo, depende da coca para ser produzida, que pode ser impactada pela safra, precisa ser transportada. Nas drogas sintéticas há maior facilidade na aquisição desses produtos. No momento em que a Anvisa limita, coloca na lista de produtos controlados, dificulta a atividade desses traficantes”, disse o diretor do Denarc do RS, Carlos Wendt
De acordo com Wendt, a cooperação e o intercâmbio de informações entre as agências policiais, incluindo as dos Estados Unidos, são cruciais para conter a disseminação do vício em drogas. A Polícia Federal (PF) brasileira afirma que está comprometida em interceptar e reprimir todas as substâncias proibidas pela Anvisa, por meio de investigações e operações voltadas para o combate ao tráfico de drogas.
Fonte: GHZ
Imagem: Divulgação / Polícia Federal