Em entrevista ao Basta TV, jovem que ficou cego em SP relata demora no socorro e despreparo da PM


Internado no Hospital das Clínicas desde a tarde do último sábado, 7, quando foi ferido por estilhaços de uma bomba lançada pela Polícia Militar, o estudante Vitor Araújo, de 19 anos, deu uma entrevista ao vivo, na tarde desta terça-feira, ao Basta TV.

Consciente da situação ocorrida na frente da Câmara Municipal dos Vereadores, que o fez perder a visão do olho direito, Vitor conversou durante 15 minutos com o repórter, e relatou a intervenção da PM contra os manifestantes e sua agonia até ser atendido na sala de cirurgia do pronto-socorro, no que ele estima ter demorado cerca de três horas.

Segundo o relato de Vitor Araújo, ele estava próximo à entrada da Câmara quando ouviu o barulho de uma bomba e que colocou a máscara para não sentir os efeitos do gás. Araújo disse que após a explosão de uma segunda bomba sentiu o sangue escorrer. Ao se proteger viu uma mulher ferida ao seu lado. O rapaz ainda conta que viu PMs em sua direção para agredi-lo, mas teriam desistido ao ver jornalistas próximos. O jovem conta que procurou socorro, inclusive com PMs evitando o atendimento. Segundo o relato do estudante, que mora na zona Norte da capital, ele esperou por cerca de 50 minutos, ao lado de viatura da PM, o socorro por uma equipe de resgate, que o conduziu ao Hospital das Clínicas. Lá, ainda teve que aguardar atendimento por mais 2h30, até que entrasse no centro cirúrgico. A cirurgia de Vitor Araújo para limpeza dos ferimentos e reconstrução da pálpebra foi realizada na tarde da segunda-feira, 9, e durou aproximadamente 3 horas. Sobre o pós-operatório, o rapaz diz não sentir muitas dores, mas um incômodo no local.

Na narrativa ao Basta TV, o jovem lembrou que os protesto são pela falta de representatividade dos políticos com o povo, pelos impostos pagos, pela saúde e educação. “Nossa educação está ruim, nossos hospitais estão ruim, tem gente no corredor, morrendo no corredor. A polícia tem que ter um melhor preparo no caso de manifestações. Eu fui mais um, mas também pode ser ser outro, outro e outro. Uma arma de choque é letal pra quem tem problema no coração”.