Empregadores que receberam o Auxílio Emergencial, podem fazer parte de um esquema de escravidão? Entenda!
Nesta última terça-feira (5), o Ministério do Trabalho e Previdência realizou uma atualização da “lista suja”, que contém o cadastro de empregadores responsabilizados por utilizar mão de obra análoga a escravidão.
Foram incluídos em torno de 52 empregadores, que mantinham 417 trabalhadores em regime de trabalho escravo. Entre estes empregadores, 10 receberam o Auxílio Emergencial do governo distribuído entre 2020 e 2021, um gasto total de R$38.700 dos cofres públicos.
Na nova atualização o número de empregadores cadastrados na “lista suja” pulou para 89. Todos estes foram autuados pelos grupos de fiscalização nos últimos anos.
Entre o ranking dos setores nos quais são resgatados mais trabalhadores em regime de escravidão, estão o setor do café, com 122 resgatados. Seguido dele, está a construção civil, a produção de carvão vegetal e a pecuária bovina.
Empregadores incluídos em esquema de escravidão receberam o Auxílio Emergencial
Paulo Hidenburgo de Carvalho Oliveira
Entre os novos nomes incluídos na “lista suja” pela nova atualização está o de Paulo Hindenburgo de Carvalho Oliveira, falecido no ano passado. A renda mensal dele e de sua mulher, Carlucy Marinho Maranhão, em 2019, estava estipulada em R$12 mil.
Mesmo assim, o casal oferecia a indígena Silvia um valor de apenas R$500 reais mensais por uma jornada diária de 24 horas por dia, sete dias por semana, sem fins de semana ou feriados. Silvia havia largado sua aldeia para tentar uma vida melhor em Manaus, e depois, mudou-se com o casal de patrões para o interior de São Paulo.
Sílvia foi resgatada em 2019. Mais tarde, em 2020, Oliveira recebeu sete parcelas do Auxílio Emergencial entre os meses de junho e dezembro de 2020, um total de R$3.600, sete vezes a remuneração mensal que ele fazia a sua “empregada doméstica”.
Wagner Arthur Gonçalves dos Santos
O patrão Wagner Arthur Gonçalves dos Santos mantinha 34 pessoas em regime escravatório na fazenda Mesas, em Campos Altos (MG).
Os trabalhadores que atuavam na colheita do grão de café não tinham carteira assinada e nenhuma garantia de direitos. Além disso, no ambiente de trabalho não havia cozinha, água ou banheiro. O resgate desses empregados ocorreu em 2020.
Mais uma vez, mesmo após o resgate e o cadastro do nome de Santos na “lista negra”, ele usufruiu de privilégios como um cargo público na prefeitura de Campos Altos. Além disso, recebeu o Auxílio Emergencial entre dezembro de 2020 e outubro de 2021. Foram R$5.250 recebidos pelo abono que era voltado para o público de baixa renda e desempregado.