Especialista da Antártica emitiu alerta importante para moradores do RS
O especialista gaúcho de 64 anos, Jefferson Cardia Simões, alerta e lamenta que novas gerações de cientistas no RS, como no Brasil todo, podem não dar a devida importância para o continente gelado. Em entrevista concedida ao portal GaúchaZH, o pesquisador do CNPq destaca as mudanças climáticas inevitáveis e principalmente as evitáveis para as regiões sob maior influência do Atlântico Sul.
Ele inicia a entrevista comentando sobre a expedição que liderou na Antártida com pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e de outras instituições brasileiras. “O mais importante é que foi instalado o módulo Criosfera 2, laboratório automatizado para coleta de dados ambientais,” disse Simões.
Qual é a importância do módulo Criosfera 2?
Segundo o pesquisador, o Criosfera 2 foi instalado em um local estratégico para a investigação das mudanças climáticas na Antártida e suas conexões com o clima no sul do Brasil. “Ele está ligado a uma rede de dados ambientais entre a Amazônia e a Antártica, importante para investigar as origens e a intensificação de eventos extremos”, destacou.
Simões explicou, de maneira quase técnica, a influência do continente nos eventos extremos sobre o território brasileiro. “Estamos tentando entender a circulação atmosférica no extremo sul do Brasil. Parte das frentes frias que chegam no Rio Grande do Sul são formadas no mar de Weddell e, quando chegam na latitude do Uruguai, dobram para Oeste e entram no Estado.”, completou ele.
Por que o Rio Grande do Sul está atrasado?
O pesquisador comentou ainda que, após vários anos pesquisando a região, ele notou rápidas mudanças no mar gelado ártico em zonas temperadas, com uma redução significativa de gelo. “O Rio Grande do Sul está atrasado,” disse ele, referindo-se à falta de preparação e despreocupação do estado para eventos adversos como a subida do nível do mar.
Segundo Simões, o aumento das precipitações no Norte do Estado e os impactos das mudanças climáticas em algumas culturas agrárias também são motivos de preocupação. Ele alerta para a escassez de recursos hídricos no futuro: “Temos de pensar que a geração dos meus netos viverá em um Rio Grande do Sul 2°C mais quente, ou mais, com uma distribuição de precipitação diferenciada.”
Quais são as previsões para o futuro climático do Rio Grande do Sul?
O especialista encerra a entrevista de maneira pouco otimista: “É preciso entender que, a partir de agora, os recursos hídricos podem ser limitados, pois não são infinitos.” Ele reforça a necessidade de uma mudança de comportamento e maior compreensão das mudanças climáticas para evitar os piores cenários futuros.
- Instalação do módulo Criosfera 2 para coleta de dados ambientais.
- Influência da Antártida em eventos climáticos extremos no Brasil.
- Redução significativa de gelo no mar ártico em zonas temperadas.
- Despreocupação costeira e atraso nas ações do Rio Grande do Sul.
- Aumento das precipitações e impactos em culturas agrárias.
- Previsão de um Rio Grande do Sul mais quente e com distribuição de precipitação diferenciada.
A entrevista com Jefferson Simões é um alerta crucial sobre a urgência de ações concretas para mitigar as mudanças climáticas, principalmente nas regiões mais vulneráveis, como o Rio Grande do Sul. O seu trabalho e dedicação à pesquisa climática evidenciam a importância de uma ciência comprometida com o futuro sustentável.