Especialistas preveem El Niño devastador no RS em 2023

Os especialistas em meteorologia estão monitorando atentamente a formação do El Niño no Rio Grande do Sul. Alguns profissionais já estão prevendo que esse fenômeno terá uma intensidade significativa, o que pode acarretar prejuízos para o estado.

Segundo os modelos climáticos de circulação global, todas as indicações apontam para um El Niño classificado como forte, possivelmente chegando a ser considerado muito forte. Prevê-se que as principais mudanças estarão relacionadas a chuvas acima da média durante os meses de setembro a dezembro, resultando em maior nebulosidade e aumento das temperaturas durante a primavera. A meteorologista Eliana Veleda, da UFPel, compartilha essas avaliações.

Os Impactos do El Niño: Recordes Históricos e Mudanças Climáticas

Em 2015, o estado vivenciou os impactos de um El Niño extraordinário. Em Porto Alegre, durante a primeira metade de outubro, o nível do Guaíba atingiu um recorde histórico, quase alcançando a marca de 3 metros. Para evitar a inundação do centro da capital, a Prefeitura tomou a medida de fechar todas as comportas do Muro da Mauá.

O El Niño é uma perturbação natural que resulta no aumento da temperatura das águas do Oceano Pacífico. Esse aquecimento é ocasionado pela alteração nos padrões de vento, fazendo com que as águas frias se enfraqueçam e as águas quentes avancem, afetando a evaporação e a formação de nuvens de chuva.

”O mês de abril é o quarto abril mais quente desse século. Nós seguimos, ano após ano, com recorde de temperatura no planeta, e os oceanos atingiram, no início de abril de 2023, a maior temperatura média global. Portanto, os oceanos estão quentes, a atmosfera está quente”, explica o climatologista do Departamento de Geografia da UFRGS, Francisco Aquino.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as primeiras chuvas intensas relacionadas ao El Niño devem atingir primeiramente a Região Norte do Rio Grande do Sul.

O meteorologista Marcelo Schneider, do Inmet, explica que durante o final do inverno e os meses de primavera, é comum que as chuvas se tornem mais persistentes devido ao El Niño. Setembro, outubro e novembro são meses em que o fenômeno tende a aumentar a ocorrência de chuvas, enchentes, tempestades e granizo no Rio Grande do Sul, devido ao bloqueio das frentes frias. Essa é uma característica climática observada em El Niños anteriores de forte intensidade.

Diante dessas previsões, os especialistas recomendam que o estado se prepare para os efeitos do fenômeno. Entre as sugestões estão a realização de treinamentos atualizados e o fortalecimento das equipes para lidar com possíveis ocorrências relacionadas a inundações e danos em estruturas.

Fonte: g1

 Foto: Reprodução/RBS TV