Grande empresa do RS tem pedido de Recuperação Judicial aceito pela justiça

Com dívidas somadas em R$ 452 milhões, a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial da Gramado Parks. Além disso, o juiz Silvio Viezzer, da Vara Regional Empresarial da Comarca de Caxias do Sul determinou a devolução dos recebíveis da empresa.

A securitizadora Fortesec, responsável pela emissão de certificados de recebíveis imobiliários, foi proibida de executar garantias no ato.

Trecho da decisão diz que: “É patente o conflito de interesses entre as empresas em recuperação e sua principal credora, Fortesec, a qual, sem dúvida, criou enlace contratual em que é a única beneficiada, em detrimento da sociedade empresarial e demais credores”.

A família Caliari, fundadora da Gramado, se apresenta no pedido como cotista de três fundos de investimento que detém a totalidade da Gramado Parks. Todas as empresas do grupo são administradas ainda que indiretamente pela família.

A companhia alegou por meio de seus advogados que os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre suas atividades exigiu a captação de recursos a partir da emissão de debêntures, empréstimos bancários e certificados de recebíveis imobiliários (CRIs).

Créditos existentes e créditos futuros de todas as empresas que formam o grupo deveriam ter sido repassados no acordo, que seria captado pela Fortesec e repassado o excedente ao grupo.

O escritório MSC Advogados completam que “chegou-se num momento que não há mais disponibilidade de recebíveis excedentes em valor suficiente ao pagamento de todas as despesas”.

De acordo com a documentação disponível, a Gramado não conseguiu fechar acordo com a Fortesec.

Agora, o grupo tem o prazo de 60 dias para apresentar o plano de recuperação judicial. A RDV Administração de Falências e Recuperações Judiciais foi nomeada para o caso.

Entenda o imbróglio

Em março, a Gramado Parks conseguiu por via judicial uma suspensão de dois meses sobre todos os débitos contratados.

Um representante de um fundo de investimento foi nomeado após destituição da diretoria e desistiu de acatar a suspensão da quitação das dívidas. Os antigos diretores recorreram na Justiça, fazendo com que o controle de três dos quatro fundos da companhia retornassem ao controle original.

Com o controle retomado, a diretoria ingressou com o pedido de recuperação judicial.

De acordo com o portal GZH, a incorporadora GPK, também do grupo, não está inclusa no pedido oferecido à vara regional. Caso estivesse, o valor dos débitos ultrapassariam R$ 1,3 bilhão.