Igreja de Nossa Senhora das Dores é amaldiçoada? Entenda lenda

A Igreja de Nossa Senhora das Dores, tornada oficialmente basílica pelo papa Francisco nesta quinta-feira (15), possui diversas histórias e lendas da época de sua construção. Grande parte das histórias atreladas à antiga edificação dão um caráter assombrado para o famoso patrimônio histórico. 

Erguida no período escravagista, a construção fica localizada na frente de uma praça central que era utilizada para execuções até o ano de 1857. 

A lenda da Igreja Nossa Senhora das Dores de Porto Alegre

Segundo histórias, um escravo chamado Josino que havia trabalhado na construção do prédio foi condenado por um crime que dizia ser inocente e acabou morto injustamente. Quando foi executado ele teria rogado uma praga condenando a construção das torres da igreja. Curiosamente, a obra levou mais de 100 anos para ser concluída. 

Pedro Haase Filho, autor do livro Lendas gaúchas, detalhou o tema em sua obra. De acordo com o texto, Domingos José Lopes era senhor de escravos e teria emprestado Josino para trabalhar na construção da Igreja de Nossa Senhora das Dores. 

Próximo à inauguração da construção, uma imagem de Nossa Senhora foi colocada no interior do templo. De acordo com as descrições, ela era “ricamente enfeitada, cheia de joias”. 

A acusação feita a Josino surgiu neste momento, quando teriam sumido algumas pedras preciosas que adornavam a imagem. Teve início uma discussão para apontar quem teria sido o autor do crime ou até mesmo se a joia estava no local antes do suposto roubo. 

Por fim, o sumiço foi atrelado a Josino. Domingos, que era até então proprietário do escravizado, escolheu a sentença de morte por enforcamento. 

O livro de Haase retrata que, no dia de sua execução, Josino teria dito: “Vou morrer porque sou escravo, mas vou morrer inocente. A prova da minha inocência é que as torres da Igreja das Dores nunca vão ficar prontas!”. 

Ainda segundo o autor, as torres quando quase concluídas balançaram por diversas vezes e se esfarelaram no chão.
A suposta maldição só chegou ao fim quando a igreja recebeu um cruzeiro de ferro entre as torres. “E uma ironia histórica se completaria: o cruzeiro foi colocado pelo prior da irmandade na época, Aurélio Ve­ríssimo de Bittencourt, negro como o escravo Josino”, relata o livro Lendas Gaúchas.