Linguagem neutra em Porto Alegre: prefeito toma decisão e sanciona lei
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, sancionou na última quarta-feira (15)a lei que veta o uso de linguagem neutra na rede de escolas do município. A ideia do projeto é reforçar o uso da língua portuguesa conforme prescreve a norma padrão da gramática normativa. Professor da UFRGS critica a proposta.
O projeto proíbe a linguagem neutra
A linguagem neutra acusa o uso do gênero masculino de um modo generalizado como algo sexista. Por exemplo, ao usarmos alunos, para nos referirmos a um grupo de alunos e alunas, seria considerado preconceito de gênero.
“A linguagem ‘neutra’ buscaria solucionar esse problema. Obviamente, é uma noção extremamente equivocada”, afirmam os autores do projeto, assinado pelos vereadores Fernanda Barth (PSC), Nádia Gerhard (PP), Tanise Sabino (PTB), Alexandre Bobadra (PL), Ramiro Rosário (PSDB), Jessé Sangalli (Cidadania) e Hamilton Sossmeier (PTB), ao G1
O projeto proibirá o uso de linguagem neutra nas escolas e documentos oficiais do município de Porto Alegre. O uso de adaptações, como substituir o “a” e “o” por letras “e” e “x” ou símbolos “@” deverá ser evitado.
O professor da UFRGS critica a proposta
O professor Fábio Ramos Barbosa Filho, da faculdade de Letras da UFRGS, que estuda os projetos de lei nesta área no Brasil, em entrevista ao G1, afirma que os projetos seguem mais a linha ideológica do que linguística para justificar a proibição da linguagem neutra.
“A questão linguística aparece como um detalhe. Em nenhum espaço de reivindicação, seja de movimentos sociais, seja em espaços de militância, ou na própria universidade, sequer escutei falar que a linguagem neutra, a linguagem inclusiva, a linguagem não-binária seriam uma espécie de imposição compulsória ou uma obrigatoriedade que alteraria a estrutura da língua. O que é colocado é que seja uma espécie de condição de emprego, que, em certas ocasiões, possa ser empregada para dar conta de subjetividades dissidentes que não se sentem contempladas, contemplados ou contemplades pelas formas pronominais que existem”, afirma.