Linguiça de carne humana? O crime que chocou o Rio Grande do Sul

Uma situação do século XIX ainda deixa boa parte da população gaúcha de cabelos em pé.

Em 1863, uma parcela da população de Porto Alegre, até então com pouco mais de 20 mil habitantes, cometeu canibalismo.

Provincianos foram reféns involuntários do resultado de um crime. Um morador da Rua do Arvoredo (atual Fernando Machado) e quatro cúmplices assassinaram seis pessoas, fazendo da carne de seus cadáveres linguiças. Populares e autoridades comeram e elogiaram o sabor daquilo que seria fruto de um crime cruel.

Catarina Palse, era companheira e cúmplice do jovem de 26 anos, José Ramos, o líder descendente de portugês que juntos cometiam latrocínios pela cidade.

O açougueiro Carlos Claussner e mais dois homens passaram a auxiliar a dupla nas atividades macabras.

Ramos tinha um código ritualístico para suas execuções: começava atraindo as vítimas para um jantar em sua residência, em seguida as degolava e esquartejava seus corpos inteiros com um machado. Após a execução sumária, a Rua da Ponte, onde ficava o açougue de Claussner, seria o destino dos restos mortais.

Sem remorso algum, Ramos tomava um longo banho e seguia perfumado para o Theatro São Pedro para sentar na plateia de algum espetáculo como se nada houvesse acontecido.

Seis foram as vítimas nos meses de junho e julho daquele ano. Desconfiado de seu parceiro, Ramos executou Claussner como queima de arquivo em setembro próximo. Já no ano seguinte, um comerciante, seu filho e seu cachorro foram mortos por ele no mês de abril.

Ossos humanos, pertences das vítimas e manchas de sangue levaram policiais que realizavam uma batida em carruagens a descobrirem os crimes.

Ainda comum no período, os condenados não foram enforcados, mas presos. Catarina morreu em 1891, quatro anos após estar livre e foi enterrada como indigente. Cego e com hanseníase, Ramos morreu dois anos após a companheia na Santa Casa.