Marcha da Maconha leva quatro mil às ruas de SP; ato pacífico pede fim da PM

Ao som de Bob Marley, considerado o rei do reggae, Planet Hemp, tragos no cigarro de maconha e uma leve garoa, a Marcha da Maconha se encerrou por volta das 20h deste sábado. Antes, a caminhada fechou vias importantes como a Avenida Paulista e as ruas Augusta e da Consolação.

Cerca de quatro mil pessoas – 15 mil na contagem dos organizadores, participaram do ato, que se concentrou no Vão Livre do Masp. A via foi bloqueada no sentido Consolação às 16h10, e exatamente dez minutos depois, com muitos fogos e balões verdes ao ar a Marcha da Maconha começou a tomar forma. Faixas, bandeiras, cartazes e até mesmo um vaso com a muda da planta ilustravam o principal mote da manifestação, a legalização da maconha para fins medicinais e a discriminação da cannabis sativa para outros meios, como uso para “recreação”.

Durante toda a Marcha da Maconha diversas cantigas foram entoadas em tom de gritos de guerra. Em delírio e até mesmo frenesi, jovens pulavam e erguiam os braços ao proferirem “eu sou maconheiro, com muito orgulho e muito amor”. Em tom menos eufórico cantavam “Dilma Rousseff, legaliza o beck”. O beck, no caso, é como usuários se referem a um cigarro de maconha.  Outro momento que foi prontamente registrado pelas máquinas fotográficas e pelas câmeras de celulares foi o encontro entre um personagem presente em diversas manifestações na Paulista e um cover de Elvis Presley. A cena pode ser conferida em um dos cruzamentos mais famosos de São Paulo, junto à Rua Augusta.

Uma enorme bandeira foi aberta na Rua Augusta, e assim que entraram na Rua Dona Antônia de Queiroz, uma fumaça verde, daquelas que podem ser vistas em  jogos do Palmeiras, tomou o ar. Já na Praça Roosevelt com a Rua da Consolação, os organizadores vibravam por conta de nenhum confronto ter sido registrado. Para o neurocirurgião Renato Filev, de 29 anos, um dos líderes do ato, a Marcha da Maconha visa a mudança da lei em relação ao uso da droga, mas também outras pautas do cotidiano. “Precisamos que a maconha seja vista de outra maneira, que haja a legalização da planta para todos os casos, mas principalmente para o uso medicinal, que é o mais urgente. O movimento é plural e horizontal, com pauta múltipla. Buscamos a desmilitarização da polícia. Negros, pobres e periféricos, usuários ou não da maconha, sofrem com a Polícia Militar”, conclui. No final, os presentes cantaram “chega de hipocrisia, a PM mata pobre todo dia”.