No Jardim Itacolomi, são as nuvens que determinam como será o dia dos moradores

Texto: Paulo Eduardo Dias   Fotos: Thiago Stoner/Fotógrafos Ativistas

Na última quinta-feira, 23, uma chuva forte e localizada fez com que as ruas do bairro do Jardim Itacolomi, na Zona Sul, ficassem repletas de água. Na Avenida Visconde de Santa Isabel, paralela à Avenida Cupecê, na Zona Sul, os moradores contaram que água chegou a mais de um metro de altura. Muitas pessoas perderam tudo que tinham, algo que, segundo elas, demoraram anos para construir.

O relógio marcava 15h, quando a reportagem do Infodiretas chegou ao local, que fica bem de frente a um dos portões do Parque do Nabuco, ponto de lazer para os moradores do bairro. Assim que a reportagem chega, pode-se notar que os moradores estão de olho no céu, mas não contemplando o belo brilho do sol, mas analisando as nuvens. O grande temor quando uma nuvem mais escura é carregada pelo vento é de que ela pare por sobre o bairro e o pesadelo volte a se tornar realidade. É unanime entre os moradores que a culpa não é só das chuvas de verão. Uma “obra interminável” seria a responsável por represar a água, que vem em grande quantidade por conta do Córrego Cordeiro.

antonio mendes mostra onde agua chegouDono de uma serralheria na avenida há mais de 14 anos, Antônio Mendes, de 59 anos, teve sua empresa invadida pela água, tendo vários de seus equipamentos submersos. Além do material perdido, uma Kombi ano 1998, que estava estacionada do lado de fora, foi arrastada com a força da enxurrada. “Estou há tês dias em benefício da chuva. Três dias em manutenção. O grande problema dessa água suja e lamacenta é que ela é corrosiva, se não limpa logo, destrói tudo”, finaliza.

DSCF1216 (800x600)De frente para a serralheria, a casa de número 136 viveu momentos de tensão. Segundo Verônica Castro, de 23 anos, no momento em que a água venceu a comporta instalada no portão, tudo foi muito rápido. “Perdemos duas geladeiras, duas TVs, sofá e fogão. Peguei meu bebê de onze meses, meu sobrinho de 7 anos e, pela janela, conseguimos chegar até a casa dos fundos”. Assim que entramos na casa, vemos o bebê de onze meses dormindo no único colchão que sobrou para a família. Com o fino colchão direto no chão, o bebê repousa em seu “berço esplendido”, sem saber o risco que correu há quatro dias atrás.

Contando os prejuízos está o empresário Marcos Duarte, de 46 anos, morador da casa número 114. Duarte conta que a chuva veio de maneira rápida. Dono de um buffet, a água tomou o grande salão de festas, estragando um frezzer, a produção de salgados que já estavma prontos e também uma parte dos alimentos estocados. Por conta da água da chuva, Marcos Duarte teve três carros danificados, um Línea, uma Fiorino e uma Pampa. “Estamos abandonados, nenhuma atoridade apareceu, prefeitura, Sabesp ou o responsável pela obra. Estimo um prejuízo de R$ 30 mil.