Com protesto pacífico, PM perde o controle e agride manifestantes e jornalistas

Às vésperas do início da Copa das Confederações, o Brasil foi destaque no mundo pelos protestos e repressões policiais ocorridas em São Paulo e no Rio de Janeiro, em que movimentos reivindicam a redução nas tarifas do transporte público. Em São Paulo, o 4º dia de manifestações foi o mais violento desde o início das manifestações em 6 de junho. Pouco depois das 16h, várias empresas e até órgãos públicos da região central haviam dispensado seus funcionários. Considerados pelas autoridades e pela polícia militar como um movimento sem liderança e violento, o que se viu na noite de quinta-feira, 13, em São Paulo foi uma PM agressiva, em muitas vezes despreparada e com um comando aparentemente sem rumo.

Logo nas primeiras horas da concentração, por volta das 17h, PMs do patrulhamento normal, usando coletes refletivos entraram em confronto com fotógrafos e cinegrafistas na Praça do Patriarca, do outro lado onde estavam os manifestantes. Um fotógrafo chegou a ser agredido com chutes e golpes de cassetetes e depois arrastado e encostado na parede com mais outros detidos. A ordem dada pelos superiores aos soldados era para deter quem estivesse com vinagre, produto utilizado em cozinha. Um repórter da revista Carta Capital foi detido e conduzido ao 78ºDP (Jardins), por portar o produto. Às 18h15, a caminhada seguiu em direção à Praça da República, seguindo pela rua Barão de Itapetininga. Estimados em cinco mil pela PM e cerca de 20 mil pelo Movimento Passe Livre, os manifestantes foram impedidos de prosseguir na altura da Praça Roosevelt. A partir dali, cenas de covardia. Agressões sem limites, e do outro lado cânticos, pedidos de paz e pessoas ajoelhadas eram recebidas com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de balas de borracha a curtíssima distância. PMs da Força Tática e da Rocam, naquele momento receberam reforço do carro blindado Centurion, do Comando de Choque, Cavalaria e até mesmo da Rota. Jornalistas foram alvo de diversos disparos, mesmo gritando que eram da imprensa, e mostrando seus crachás, ficaram encurralados na esquina da Rua Maria Antônia. O Mackenzie, a poucos metros dali, fechou as portas. Por volta das 20h, com a Avenida da Consolação tomada por PMs, viaturas e cavalos, os manifestantes se concentravam nas ruas Augusta e Bela Cintra, e do lado de Higienópolis, vagavam pela Rua Maceió. Vários confrontos foram registrados na Rua Augusta, com os manifestantes queimando sacos de lixo, lixeiras e outros objetos que encontravam nas ruas.

Com muita insistência, o primeiro grupo, que conseguiu subir à Rua Augusta, chegou à Avenida Paulista por volta das 21h. Os manifestantes conseguiram se reagrupar e montar uma barricada com fogo. Pouco tempo depois o Choque já estava na via e dispersou os manifestantes mais uma vez. Às 22h, um grande grupo desceu a Rua da Consolação, sempre com muitos policiais atrás. Pelo balanço divulgado na madrugada, cerca de 230 pessoas haviam sido detidas, sendo a maioria conduzida ao 78ºDP. Uma parte foi levada ao 1ºDP (Sé) e outra ao 4ºDP (Consolação). Segundo o Passe Livre, mais de 100 pessoas ficaram feridas. O Grupo Folha informou que ao menos 7 jornalistas ficaram feridos, dois com tiros de bala de borracha no rosto. A repórter Giuliana Vallone, foi atingida por um disparo no olho. Por volta das 3h15, desta sexta-feira, 14, o coletivo Mães de Maio, através da esposa de um jornalista, publicou em seu Facebook, que o rapaz que seria fotógrafo freelancer, teria levado um tiro de bala de borracha no olho esquerdo e corria sério rico de perder a visão, e que passava por cirurgia no Hospital Nove de Julho, em Cerqueira César.