“Ou você paga o aluguel ou passa fome”, diz jovem que mora na Copa do Povo, ocupação do MTST

“O Brasil não foi descoberto, ele foi ocupado pelos portugueses, que entraram no lugar dos índios e alteraram seu cotidiano”. É com essas palavras que a coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Maria das Dores de Cerqueira, de 44 anos, avalia o que em tese, é contado nas aulas de história pelo país. Ela é uma das pessoas que, na última segunda-feira, 5, sob um sol forte, que beira os 30°C, auxiliava os novos inquilinos, informando-os sobre o que pode e não pode fazer na área de 150 mil metros quadrados, na Rua Malmequer do Campo, no bairro Gleba do Pêssego, localizado em frente ao Parque do Carmo, Zona Leste.

Instalado a cerca de cinco quilômetro da Arena Corinthians ou Itaquerão, estádio que será usado para abrigar a abrigar a abertura da Copa do Mundo no Brasil, em 12 de junho, a ocupação Copa do Povo recebe a cada dia novos moradores, a maioria de bairros do entorno e de regiões de Ermelino Matarazzo e Guaianases. A principal queixa das famílias é por conta da alta no valor do aluguel. Por conta do vizinho rico, os proprietários querem uma “recompensa” de seus inquilinos.

A empregada doméstica Juraci dos Santos, de 44 anos, sabe bem o que é ver seu aluguel ser reajustado e seu salário continuar o mesmo. À reportagem, Juraci conta que na casa em que vive, de apenas dois cômodos, no Jardim Cibele, moram seus três filhos, o genro e mais o neto de apenas um ano. O aluguel de R$ 350 já está pesado. “Está caro para ser um aluguel de sala e banheiro. Ocupei pela necessidade de moradia, uma colocação para os meus filhos. Apenas minha filha está trabalhando como ajudante em uma banca de pastel na feira”, conclui.

Sentados no chão de terra batida e protegidos do sol pela lona sustentada por pedaços de bambu, Juraci dos Santos apresenta sua família, e nos diz que precisa ir embora para ver o restante dos parentes que estão na casa do Jardim Cibele. Seu genro, Gilberto Martins, de 18 anos, está desempregado. “Parei de estar no segundo colegial para sustentar minha família. A necessidade da vida me fez assim, ou você paga aluguel ou passa fome”.