Eleitores de 2022 acreditam que a economia no Brasil vai bem? Entenda

Segundo uma pesquisa de opinião eleitoral BTB-FSB, divulgada no dia 25 de abril, 5% dos entrevistados consideram que a economia no Brasil vai bem.

Em contrapartida, 32% acreditam que o país atravessa uma crise econômica, mas está superando. Os outros 62% avaliaram que o país está em crise e com dificuldades para superá-la. 

A alta de preços, aumento no desemprego, baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), entre outros, são fatores econômicos que explicam a visão pouco otimista dos cidadãos brasileiros.

Hoje, o Brasil fica atrás de Argentina e Venezuela se levarmos em consideração as 11 maiores economias da América Latina. Ambos os países enfrentam crises que vão muito além dos impactos causados pela Covid-19.

Vale lembrar também que o IPCA aumentou para 1,62%, maior taxa em 28 anos, e a  projeção de crescimento da economia brasileira foi reduzida de 1,4% para 0,7% pelo Banco Mundial. 

Quem é a parcela da população que acredita que a economia “vai bem”?

Segundo cientistas políticos e outros especialistas, a explicação pode estar na forte identificação e apoio ao atual governo, e também no poder aquisitivo dos cidadãos.

Apoiadores de Bolsonaro

Andréa de Freitas, cientista política e professora da Unicamp, acredita que os 5% referem-se ao público que apoia fortemente Bolsonaro. 

A percepção sobre a economia está mais ligada com a identificação pessoal e ideológica com o atual presidente do que com a situação socioeconômica dos brasileiros.

Em seus argumentos, esse apoiador distribuirá as responsabilidades. “Ele vai dizer que a responsabilidade é dos governadores que fecharam o comércio na pandemia, do Congresso, do Supremo Tribunal Federal ou da guerra da Ucrânia. A segunda é afirmar que a economia poderia estar muito pior, não fosse por Bolsonaro.”, afirma Andréa.

Muito rico x Muito pobre

Para a professora de ciência política da UFSCar, Maria do Socorro Braga, a visão de uma economia que “vai bem” mesmo com números alarmantes é uma opinião emitida por um público muito rico ou muito pobre.

As camadas mais ricas, independente da inflação ou condições socioeconômicas do país em geral, conseguirão manter um patamar de riqueza. Portanto, para alguns, o cenário nacional não terá tanta importância.

No caso do público mais pobre e vulnerável, a explicação pode estar em uma desesperança de melhora no país e em sua condição de vida. Além disso, há a questão da pouca compreensão sobre o que acontece no âmbito econômico.

O Auxílio Brasil pode ter ajudado esse público a ter uma visualização positiva do governo. Para a professora, porém, não é sozinho que ele irá gerar a avaliação positiva, e sim junto a identificação ideológica a Bolsonaro, sendo um argumento racional para provar que ele “fez um bom governo”.