Famosa empresa de cosméticos entra com pedido de recuperação judicial
A Avon Products Inc, subsidiária da gigante Natura&CO, entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos na última segunda-feira (12). O pedido foi feito sob o chamado chapter 11, um dispositivo legal que oferece proteção contra falência e permite a reestruturação de dívidas e passivos preexistentes. A Natura&CO, que adquiriu a Avon em 2020, anunciou a medida em um comunicado ao mercado.
No mesmo comunicado, a Natura&CO revelou que concederá um financiamento de US$ 43 milhões (aproximadamente R$ 236,17 milhões) na modalidade de “debtor-in-possession” (DIP), além de se comprometer a investir US$ 125 milhões para adquirir operações da Avon fora dos Estados Unidos. A empresa destacou sua confiança contínua no potencial da marca Avon, apesar dos desafios financeiros atuais.
Recuperação Judicial da Avon Products Inc
A recuperação judicial da Avon Products Inc não inclui suas operações fora dos Estados Unidos, o que significa que mercados-chave como a América Latina, onde a Avon é distribuída pela Natura, não serão impactados diretamente. Esta decisão estratégica visa assegurar a continuidade e estabilidade das operações internacionais, enquanto a unidade norte-americana passa por reestruturação.
Para a Natura&CO, a recuperação judicial é uma oportunidade para reorganizar a estrutura financeira e operacional da Avon nos EUA, ao mesmo tempo em que a empresa-mãe atenua os efeitos negativos nos demais mercados. A Natura ressaltou a importância do financiamento DIP para garantir a liquidez necessária durante o processo de reestruturação.
Natura&CO acredita no potencial da Avon
Mesmo diante dos desafios financeiros, a Natura&CO vê um potencial significativo na marca Avon. A holding destaca que a Avon é uma marca consolidada com uma base de consumidores leais, especialmente fora dos Estados Unidos. A decisão de entrar com o pedido de chapter 11 visa reorganizar e fortalecer a presença da marca no mercado norte-americano.
Além do pedido de recuperação judicial, a Natura&CO divulgou seu balanço do segundo trimestre de 2024. A empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 859 milhões, um aumento de 17,4% em comparação ao mesmo período do ano passado. Esse prejuízo foi influenciado pela reestruturação da Avon, que gerou uma contabilização de R$ 725 milhões.
A reestruturação é vista como uma etapa crucial para o futuro da Avon e da própria Natura. A empresa acredita que, sem o impacto das despesas de reestruturação, poderia ter registrado um lucro de R$ 162 milhões. Além disso, a Natura conseguiu melhorar seu fluxo de caixa livre negativo em 21%, sinalizando uma gestão mais eficiente das operações continuadas.
A dívida líquida da companhia, entretanto, somou R$ 2,1 bilhões, ante R$ 275 milhões no primeiro trimestre deste ano. Esse aumento foi previsto pela empresa devido ao pagamento de dividendos e consumo de caixa relacionado à sazonalidade anual e investimentos em contas a receber.