Pedido de recuperação judicial da Tok&Stok é aceito pela justiça

A Tok&Stok, uma das maiores redes de lojas de móveis e decoração do Brasil, passa por um momento significativo em sua trajetória. O processo de recuperação extrajudicial da empresa, iniciado no começo de 2023, visa a reestruturação das suas dívidas, principalmente com instituições financeiras, como Bradesco, Santander, Domus e FS Investments, que representam 65% dos débitos da companhia.

Desde o ano passado, a Tok&Stok enfrenta numerosos desafios financeiros. Para lidar com essa crise, a empresa contratou a consultoria Alvarez & Marsal no início de 2023 com o objetivo de formatar uma reorganização financeira que pudesse estabilizar suas operações e obter um alívio considerável para suas dívidas.

O que é e como funciona a Recuperação Extrajudicial?

A recuperação extrajudicial é uma ferramenta legal criada para ajudar empresas em dificuldades financeiras a renegociar suas dívidas de forma mais eficiente. Este procedimento permite que a empresa em crise negocie diretamente com seus credores mais estratégicos, mantendo o processo em sigilo até se chegar a um acordo benéfico para ambas as partes.

Para solicitar a recuperação extrajudicial, a empresa precisa atender a alguns requisitos específicos:

  • Estar comprovadamente em crise financeira.
  • Não ter sócios, controladores ou administradores condenados por práticas corporativas ilegais.
  • Não ter falido anteriormente nem ter passado por recuperação judicial nos últimos cinco anos.

Além disso, é necessário que mais da metade dos credores, donos de pelo menos 51% dos créditos, aceitem a proposta apresentada pela empresa.

Tok&Stok será vendida para a Mobly

A Mobly, empresa do mesmo setor, comprará a Tok&Stok através de um aumento de capital. Nesse acordo, os fundos geridos pela SPX transferirão sua participação de 60,1% na Tok&Stok para a Mobly, ficando com 12% da nova companhia combinada. Com essa operação, a Mobly passa a operar 70 lojas físicas, juntando as duas marcas e atingindo uma receita líquida anual combinada de R$ 1,6 bilhão.

Em um comunicado oficial, a Mobly afirmou que ambas as empresas continuarão a operar de forma independente, utilizando suas respectivas marcas e posicionamentos de mercado. Victor Noda, fundador e presidente da Mobly, destacou que “Mobly e Tok&Stok são negócios absolutamente complementares em relação aos públicos atingidos, canais de venda e fortalezas, como capacidade tecnológica, de logística, desenvolvimento de produtos e marca.”

Implicações para credores e acionistas

Os credores da Tok&Stok, incluindo Bradesco, Santander, Domus e FS Investments, desempenharam um papel crucial na aprovação do plano de recuperação extrajudicial. Este acordo ajuda a assegurar que a empresa consiga continuar suas operações enquanto reestrutura suas dívidas.

O acordo também prevê que os atuais acionistas minoritários da Tok&Stok, representados pela família fundadora, terão a opção de contribuir com sua participação acionária na companhia em ações da “nova” Mobly, na mesma proporção. Essa medida é fundamental para garantir a estabilidade e continuidade dos negócios, beneficiando acionistas, clientes e colaboradores.

A concretização desse acordo ainda depende do cumprimento de condições precedentes, mas a expectativa é que a união entre Mobly e Tok&Stok resulte em uma empresa mais forte e competitiva no mercado de móveis e decoração.